quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

As preliminares

Pisei em Fort Lauderdale dia 11/02. Tive a oportunidade de reencontrar o César Vieira, um médico, músico e atleta com credenciais infinitas, e sua maior incentivadora e cara-metade Maria Fernanda. Eles gentilmente receberam em seu apartamento uma tonelada de comida, os isotônicos, géis, barras, etc, que eu consumiria durante o UM. Tomamos um café e eu peguei o rumo para Orlando.
 
César, Fernanda e eu em FLL.
Ao chegar perto de Orlando eu desviei a minha rota para passar de carro em algumas ruas e estradas que faziam parte do percurso do Ultraman. O coração começou a bater forte ao pisar no percurso que em pouco mais de uma semana eu faria pra valer. Passei também no Lake Conway, o lago onde nadaríamos. Lá uma grande placa de “NO SWIMMING” está logo na entrada. Nada de águas abertas até o dia da prova, paciência!

No sábado, 14/03, fiz uma prova de 100 milhas em Sebring. A última “tune up race”. Lá  tive a oportunidade de encontrar o super campeão Cláudio Clarindo, um ciclista monstro que eu conheci e dividi a pista em 2006,  nas 24 horas de Fortaleza. Desde então sou fã dele, um guerreiro que tem uma garra, determinação, resistência e força ímpares, ao mesmo tempo é de uma simplicidade e humildade que só me faz admirar suas conquistas mais ainda. Clarindo estava fazendo a prova de 24 horas, coisa de gente grande!

Os ciclistas Wayne e Patrick formaram junto comigo um pelote e socamos a bota com força. Eles são de outra classe, estavam rodando as 12 horas mas tiveram a paciência e de me aturar. Enquanto rodava com eles pensava: “Como é que esses caras podem rodar desse jeito 12 horas? Eu não quase não estou aguentando esse ritmo nas minhas 5 horas!” Me lembraram célebre frase do Prefontaine “The only good race pace is suicide pace, and today looks like a good day to die.”

Cláudio Clarindo e eu antes da largada, frio pra ninguém botar defeito!

Eu, Wayne e Patrick socando a bota 100 dó nem piedade!

Sebring foi muito bom mas estava muito frio, largamos com a temperatura de zero grau e quando eu cheguei, 5 horas depois, a temperatura tinha subido para 10 graus. Acordei no domingo com uma dor de garganta e uma moleza no corpo preocupantes. Passei o dia inteiro de molho. Tomei xarope para a tosse e expectorei metade do meu peso. Fiquei muito tenso pois isso não estava no script. Fiz contato com o Brasil e encomendei uns antibióticos, caso o negócio piorasse. Na pior das hipóteses os remédios chegariam com a Carol na terça-feira.

O dia de descanso foi bom e eu acordei bem melhor na segunda-feira. Sem querer me desgastar muito mas sentindo necessidade de me mexer, pulei na piscina da YMCA que ficava do lado do hotel e “paguei 3000m”. No final do dia fui para o um dos trechos da corrida e corri 17 km reconhecendo o percurso. O corpo reagiu bem ao esforço e apesar de ter sobrado uma tosse chata eu me recobrei bem. Meus pais chegaram e foi muito bom reencontrá-los. Não os via desde o natal. 


Saindo da piscina da Y.
Curtindo o fim do dia com uma corridinha de 17 km.

Na terça o Guilherme, meu irmão e capitão do time de apoio chegou junto com a sua esposa e sogra. A Carol chegou junto com eles e foi muito bom matar a saudade.

Quarta-feira fomos ao Kennedy Space Center, um lugar fantástico que eu já havia visitado quando tinha 15 anos. Ir lá depois de me formar em engenharia foi muito mais legal. Ver a história de desafios vencidos pelos técnicos e astronautas foi bacana demais. Meus ânimos estavam à flor da pele e eu me emocionei bastante ao ouvir o discurso do Pres. Kennedy falando: "We choose to go to the moon and do the other things not because they are is easy, but because they are hard!"  a associação com o desafio que enfrentaria em dois dias foi direta. Desafios nos movem e faz que evoluamos, nos tornando pessoas melhores. Desafios muito grandes nos fazem ver a importância da consistência, regularidade, disciplina, garra do trabalho e enegia que concentramos para vencê-los.

No café da manhã e simpósio técnico de quinta pegamos toda a tralha, adesivos, números e o principal, o fichário com todas as informações, regras e telefones da prova. Pude conhecer os outros atletas, que foram apresentados um a um com o Steve King narrando suas credenciais. Dezenas de maratonas, Ironmen, Epic 5, Badwater e muitas outras participações foram mencionadas, deu medo de estar entre tantas feras!

Foto dos atletas, equipes e voluntários no simpósio técnico. Ohana (família)

Logo no início a Sway, diretora da prova, avisou que a largada seria adiada em 2 horas por conta do frio. Realmente estava muito frio mesmo, e a previsão não era muito animadora para os dois primeiros dias de prova. Achei uma decisão acertada, apesar de que pagaríamos o preço de descansar 2 horas a menos entre os 2 primeiros dias.

Fizemos compras das comidas que a equipe levaria no carro. Pão, queijo presunto, salgadinhos, coca-cola, red bull e mais um montão de coisas. Fomos comprar uma touca, luvas e uma bota de neoprene em uma loja de mergulho. Achei que essa seria a única opção para não sair da água dentro de um cubo de gelo.

No fim da tarde me concentrei em limpar e lubrificar a bike enquanto a Carol, o André e o Guilherme preparavam a "Rock´n´Roll Van" (batizada assim pelo Capitão Guilherme) e as comidas.


A preparação do carro pela melhor equipe de apoio.
De noite fomos comer no Bahama Breeze, apostando no que já vinha comendo nos últimos dias lá se foi um peito de frango, purê de batata e uma salada. Durante a refeição a Carol veio com uma novidade. Nos últimos meses antes do UM ela entrou em contato com vários amigos e alguns ícones vivos do triathlon, explicou o que eu ia fazer e pediu para que eles enviassem mensagens de apoio. Deu frio na barriga ouvir as vozes de tanta gente boa e querida. Senti mais umas dez toneladas de responsabilidade! Obrigado a todos pelas mensagens e por todo o carinho dedicado!


A "Rock´n´Roll Van" pronta para o primeiro dia de Ultraman com sua tripulação e torcida



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